domingo, 19 de junho de 2011

Nosso Pão de Queijo de cada dia

Lú - Prometeu ao roubar o fogo dos deuses, roubou algo mais: O Pão de Queijo!
Não consigo muito bem entender o que nos faz procurar por ele quase todos os dias para garantir nosso bem estar...

Mau - Todos os dias quando vou para o trabalho passo em uma pequena venda de bairro e dispenso alguns minutos com um "bom dia" a senhora que me atende e a compra de dois pães de queijo caseiros. De forma diferente muitos Belo horizontinos fazem a seleção do seu café da manhã com acompanhamentos diversos. Ao chegar em Belo Horizonte tive o contato direto com o salgado e percebi que a iguaria é disposta em praticamente toda padaria, lanchonete e restaurante da capital mineira. No Rio existe uma dificuldade maior para comer Pão de queijo e os que são disponibilizados sempre são os pequenos.

Lú - Quando morava no Rio as opções não eram muitas, e os pães de queijo mais gostosos eram os da Casa do Pão de Queijo, que ainda me encanta quando estamos em viagem. E os recheados.... Deliciosos. Aqui em Beagá ainda não encontrei nada que se compare aos pães de queijo recheados da Casa do Pão de Queijo - se alguém conhecer por favor me indique! Mas também os preços daqui ficam bem distantes daqueles encontrados na franquia. Pães de queijo muito baratos, desconfie sempre - essência de queijo em vez de queijo -, pão de queijo caro, pode ser uma oportunidade de chegar ao céu. Mesmo os mais caros não chegam a custar tanto quando os da Casa do Pão de queijo.

Mau - Existem muitos locais onde podemos comprar pão de queijo, alguns são bons e outros muito ruins. Gosto do pão de queijo que possui uma superfície levemente crocante, pode possuir o conteúdo bem cozido, pouco polvilho e bastante queijo. Fujo dos pães de queijo massudos, isto é, muita massa, muito polvilho e pouco queijo. Aqui segue uma lista de locais que considero para comer um bom pão de queijo:
  1. Escola de arquitetura da Ufmg, a lanchonete que fica dentro da escola serve bons pães de queijo.
  2. Lanchonete do metrô da estação Lagoinha, a lanchonete fica logo em frente das roletas de saída da estação e ao lado da loja de peças de bicicletas. O melhor horário é o da manhã pois é o momento de assarem os primeiros pães de queijo.
Lú - Eu incluiria:
  1. O pão de queijo do Centro de Esmeraldas, um deles vendido numa lanchonete perto da Igreja. E aquele delicioso assado na folha de bananeira. Mas esse aí não é feito pra comer sozinho. É enorme.
  2. O pão de queijo vendido na Santíssimo Pão, uma padaria que tem na Serra, bem pertinho de onde morávamos. Saudades do gostinho...
  3. Tem um Café, na avenida Contorno, próximo ao Life Center. O lugar é um charme muito aconchegante e o pão de queijo é muito bom! Pena, não recordo o nome do lugar.
  4. Em Contagem, uma padaria bastante conhecida é a Panificadora Haley. O lugar é uma delícia. Charmoso e serve tudo de gostoso, inclusive, claro, o pão de queijo!





Mau - Eu e a Lú sempre estamos comendo pão de queijo. Algumas vezes no lanche da noite, nos café da manhã dos finais de semana, ou até mesmo nos lanches avulsos que fazemos em diversas ocasiões. Antes no Rio eu poderia contar nos dedos da mão as vezes que comia pão de queijo durante o período de um ano. Particularmente temos uma maneira nossa de comer pão de queijo que consiste em corta-lo pela metade e prensa-lo sobre uma frigideira. O resultado fica bom. Um pão de queijo sempre quentinho e crocante.

Lú - Pão de queijo é viciante. Eu já comia quando morava no Rio. Duduxo, hehehe! Só come Duduxo quem nunca comeu Forno de Minas. O custo-benefício é tudo. Ou mesmo o Perdigão é uma alternativa boa. Pra quem está aqui em Minas, encomendem o pão de queijo da mãe da Liliane. Eles tem uma fábrica e é o melhor pão de queijo congelado que já saboreamos. O único que se você seguir as instruções da embalagem dá certo mesmo. E é uma delícia! (Atenção leia sempre o rótulo, não faça como o Mauro, rsrsrs)

O mais incrível é que em nossas viagens sempre procuramos por ele. Ficamos muito felizes quando encontramos o bom e velho pão de queijo. Acho que nesse caso já estamos nos integrando totalmente às tradições da nova terra...

  • Liliane (Lili Araújo) é minha colega de trabalho e mora em Betim. Ela está no meu Orkut e Facebook. A mãe dela faz o melhor pão de queijo e em vários tamanhos. Fale com ela.

domingo, 5 de junho de 2011

Xirê na Lagoa da Pampulha?


Lu - O acontecimento que vamos relatar aqui, aconteceu conosco há quase três anos, quando eu cursava uma pós-graduação na PUC em Estudos Africanos e Afro-brasileiros. O curso claro, era voltado para os costumes afro-brasileiros. E os amigos leitores que me conhecem, sempre tive o hábito perguntar muito, tirar dúvidas, questionar. Na época aproximavam-se os festejos de 8 de dezembro, Festa de N.S. da Conceição, no sincretismo, Iemanjá.

Lu - Nunca fui perita no assunto religiosidade afro-brasileira, mas morando tantos anos no Rio, conhecia o básico pra pelo menos entender o que estava rolando no Reveillon. Então minha língua coçou, não consegui resistir, tive que perguntar:
__ Professora, Minas não tem mar, essa festa vai ser onde?
__ Na Lagoa da Pampulha! É a coisa mais linda...

Lu - Daí me veio a mente, “se é a coisa mais linda não sei, mas alguém me explica o que Iemanjá tem haver com a Lagoa da Pampulha? Ela é uma lagoa artificial!” Tive que falar:
__ Iemanjá na Lagoa? Lagoa é água doce e a água doce é de Oxum... - Na verdade Oxum estaria num ambiente de água corrente. Estava achando o cúmulo dos cúmulos.

Lu - Quando a professora perguntou quem tinha interesse em participar da festa, eu logo levantei a mão. Não podia perder uma festa pra Rainha do Mar, numa lagoa artificial. Pense comigo: “coisas que só acontecem em minas...”

Lu - Passados alguns dias fomos para a festa que seria num sábado. Fomos de carro: na direção a profa. Íris, ao seu lado o João – que foi o primeiro da turma a fazer a passagem, e temos muitas saudades dele - , atrás Jaqueline, Mauro – convidado especial – e eu. 
 
Mau - Convidado especial?!? Bota especial nisso. Eu não sabia o que esperar do evento. Toda aquela coisa de Iemanjá era nova pra mim. Pra vocês terem uma idéia, nunca vi como era a festa no Reveillon. Mas estava acompanhando a Lú, então tava tudo beleza.

Lú - O tempo não estava essas maravilhas, a tarde caindo, mas mesmo assim fomos para a Lagoa, pois tínhamos a confirmação de que haveria a festa. Eu pensando no absurdo e a Jaque imaginando que lindo seria. E no céu os primeiros raios. A Jaque começou a vibrar. Iansã vem também. Eu ainda zombava quando a chuva começou a cair.

Lú - Sabe a expressão “fração de segundos?” foi o tempo aproximado que levou entre a gota d'água no visor do carro e o caos total. Quando passamos pelo Mineirão não chovia, quando viramos na Lagoa presenciamos o que eu nunca havia visto. A Íris cautelosa guiava o carro e procurava o tal palco. As ondas vinham em nossa direção. Ondas? Sim dava pra surfar na Lagoa da Pampulha. Nossa professora apontou em uma direção e disse:
__ É ali que fica costuma ficar o palco! - Tudo se apagou. Tudo se acendeu. Ela tentou indicar de novo: __ Ali, próximo da estátua de Iemanjá, bem ali... - Tudo se apagou e não vimos nada, só raio cortando o céu.

Mau - Mermão, a parada ficou sinistra. Nós dentro do carro, chuva, trovão, relâmpago e nada de Iemanjá...

Lú - Jaqueline, a mais empolgada do grupo logo disse é Exu brincando com a gente. E as ondas iam e vinham de dentro da Lagoa. Vento forte, trovões e raios cortando o céu, galhos de árvores caindo... Foi quando a Íris resolveu voltar, não havia mais visibilidade. Jaqueline toda feliz dizendo:
__ Viu todos os orixás estão aqui!

Lú - Com muito esforço o carro voltou e quando passamos novamente por aquele ponto onde ficava a estátua de Iemanjá, todas as luzes se apagaram. Estávamos a ponto de sermos levados pelas ondas quando conseguimos sair da orla.

Mau - Fiquei quieto pensando sobre a chuva, como iríamos voltar pra casa e naquele evento que deveria ter sido sabotado por São Pedro...

Lú - Desculpem-me a mistura de egrégoras. São Pedro é da mitologia cristã, estamos falando de mitologia afro-braileira... 

Lú - Nos dias que se seguiram, não sabia muito bem o que pensar. Mas aprendi a lição. Iemanjá pode se manifestar na Lagoa, o que conta é a fé. Nunca mais cheguei num ambiente de Umbanda ou Candomblé sem saudar Exu, nem duvidei das forças da natureza, nem em Minas ou em qualquer outro lugar onde eu esteja. Creio que a partir de então é que tenha surgido minha paixão pela religiosidade afro-brasileira, a qual dedico meus estudos... E a Jaqueline estava certa, aquela foi a festa, um verdadeiro xirê, no qual os orixás foram anfitriões!